A Batalha de Cajamar
Como você leu antes, os Incas eram governados por um imperador, e com a morte deste sempre gerava-se intensos conflitos para determinar o imperador seguinte, já que não possuíam nenhum sistema de governo hereditário ou eletivo, e mesmo pela intensa variedade etnica da região que resistiam à dominação.
Wayba Kapaq foi o último imperador Inca antes do contato efetivo com os espanhóis. Sua morte, em 1528, levou seus dois filhos, Atahualpa e Huáscar, a desputarem o poder. Além de serem de mães diferentes, ambos tinham também origem étnica distintas. Atahualpa descendia dos Hanan e Huáscar dos Hurin, ambos os grupos compunham o Império, e suas diferenças intensificaram a disputa. O primeiro descendente tinha forte influência no norte, onde naceu e viveu, e o segundo forte influência no sul do Império. Os dois irmão iniciaram um grande conflito político baseado principalmente em influências.
O conquistador espanhól Francisco Pizarro e seu grupo de exploração chegaram ao litoral norte do que hoje é a Colômbia, em 1524, mas foi em 1527 que Pizarro soube do Império Incaico. No Império, tanto Atahualpa como Huáscar, também sabiam a presença destes estrangeiros na terras andinas. Para Huáscar era interessante a presença destes estranhos no território de influência de Atahualpa. Os partidários de Huáscar viram na presença dos espanhóis um apoio para derrotar Atahualpa, e logo enviaram embaixadores ao encontro destes. Pizarro por sua vez apoiou as etnias revoltosas contra o Inca Atahualpa.
Pizarro viajou pela cordilheira para encontrar Atahualpa e em 15 de novembro de 1532 chegou a Cajamarca. Neste mesmo dia enviou um convite à Atahualpa, que tinha se fixado em um acampamento nas emediações da cidade, para visitá-lo. Atahualpa viu então a oportunidade de livrar-se dos estrangeiros, que para ele eram muito mais incomodos que perigosos. Em 16 de novembro Atahualpa apresentou-se vistido a maneira cerimonial para impor-se diante dos espanhóis. Instantes depois da entrada de Atahualpa na praça onde estava Pizarro, o espanhól mandou abrir fogo contra Atahualpa e sua comitiva. Atahulapa foi tirado da liteira que estava e levado para o edifício onde estavam os espanhóis.
O exército do Inca que estava nas emidiações da cidade observando os estrangeiros, e que tinham também como objetivo repreender os espanhóis depois que Atahualpa se apresenta, viu o Inca ser levado sem poder agir, assim temendo uma rebelião da população ordenou retirada geral de Cajamarca para Quito, outra das cidades do Império.
O rapto de Atahualpa pelos espanhóis não impediu a vitória de seu exército que abria ofensiva contra os aliados de Huáscar. Semanas depois esse mesmo exército aniquilou a nobreza de Cuzco, a principal cidade do Império. Em 1533 o Império estava sob o domínio do exército de Atahualpa, este porém estava sob o poder dos espanhóis. As etnias que não adimitiam estar sob julgo do exército Inca foram a Cajamarca buscar apoio de Pizarro, que a o fez.
Pressionado de alguma forma pelas alianças que fez com as etnias contrárias ao Inca e com o pretexto do assassinato de Huáscar algumas semanas antes, ordenado por Atahualpa da prisão para seu exército, Pizarro decretou a morte de Atahualpa em 29 de agosto de 1533, mesmo recebendo uma grande quantia pelo resgate do Imperador. O conquistador foi designado como capitão-geral da região pelo então rei espanhol Carlo V. O capitão-geral então colocou um descendente Inca, Manco Capác, para conter a população, este no entanto levantou rebelião contra o conquistador.
Para saber mais sobre a conquista do Império Inca, que deu origem ao atual Peru você pode ler:
BELLOTO, Manoel Celo; CORRÊA, Ana Maria Martinez (orgs.). Simón Bolívar. São Paulo: Ática, 1983.
IOKOI, Z. M. G. . O Imaginário Europeu Frente Ao Inca. In: CONGRESSSO INTERNACIONAL AMERICA 92, São Paulo. 1992.
FERRO, Marc. História das colonizações: das conquistas às independências - sécs. XIII-XX. Lisboa: Editorial Estampa, 1996.
MARMONTEL. Incas ou a destruição do império do Peru. Trad. Virginia Silvia Lefevre. São Paulo: Anchieta, 1943.
MUTRAN, M. H. Desleitura da História da conquista do Peru. São Paulo: Edusp/Expressao e Cultura, 1994.
PORTILLA, Miguel León. A conquista da América Latina vista pelos índios: relatos astecas, maias e incas. Trad. de Augusto Ângelo Zanatta. 3a. ed. Petrópolis: Vozes, 1987.